A China pediu nesta quinta-feira que o governo holandês facilite negociações para pôr fim ao impasse envolvendo a fabricante de semicondutores Nexperia, controlada pela chinesa Wingtech, após meses de intervenção administrativa que interromperam fluxos de fornecimento.
O conflito começou quando o ministério holandês invocou a Goods Availability Act por falhas administrativas na Nexperia, transferindo o controle operacional à tutela estatal e motivando retaliações que prejudicaram envios de wafers e componentes usados pela indústria automotiva.
As paralisações afetaram fábricas na China e reduziram entregas a montadoras globais, elevando riscos de falta de componentes em linhas de produção na Europa e na Ásia — situação que acendeu alertas em cadeias automotivas de países como Alemanha e China.
Em Beijing, o Ministério do Comércio chinês declarou apoio a conversações entre as partes e pediu que autoridades holandesas criem condições para diálogo direto, reforçando a urgência de um acordo que restabeleça a normalidade logística.
Fontes oficiais holandesas confirmaram que a suspensão temporária da ordem de tomada de controlo foi adotada após conversas diplomáticas com Beijing, mas avisaram que medidas de supervisão podem retornar caso os suprimentos não sejam restaurados.
A Nexperia divulgou comunicado saudando o “diálogo construtivo” entre os governos e afirmou que acompanha de perto as negociações para minimizar impactos operacionais ainda assim, a empresa alertou para riscos pendentes enquanto processos judiciais e diferenças internas não forem resolvidos.
Analistas advertem que, mesmo com avanços diplomáticos, a disputa expõe fragilidades das cadeias globais de semicondutores e pode acelerar decisões de países e empresas por diversificação de fornecimento, nacionalização parcial de linhas críticas ou mudanças em políticas de exportação.
O que observar nas próximas semanas: viagens e reuniões entre representantes da Wingtech, custodians judiciais da Nexperia e ministérios de comércio; retomada logística das fábricas na China; e decisões judiciais ou administrativas na Holanda que definirão se a supervisão estatal será mantida ou totalmente revertida.
